Reunião “Cirurgia e Obesidade”
8 de maio de 2012, às 20h Auditório Austregésilo de Athayde – Térreo – Parlamundi da LBV SGAS 915 Sul Info: Alessandra 7814 3170


sexta-feira, 16 de setembro de 2011

A obesidade e as cobaias de luxo

Revista Época 16/9/2011

Assisti no final de semana a mais um dos ótimos filmes estrelados pelo argentino Ricardo Darín. Em Um conto chinês, ele é um sujeito recluso que coleciona notícias absurdas publicadas nos jornais do mundo inteiro. Coisas como o casal que transa dentro do carro no alto de um penhasco italiano. Quando chegam ao clímax, a mulher chuta, acidentalmente, o freio de mão. O carro desliza devagarinho até que...escataplá. Os jovens amantes viram comida de peixe no fundo do Mediterrâneo.

Lembrei do filme quando comecei a escrever a coluna de hoje. O alvoroço criado nas últimas semanas em torno do remédio Victoza é uma notícia absurda. Por qualquer ângulo que se olhe. Poderia ser recortada e ganhar um lugar de destaque nos álbuns de bizarrices do argentino amargurado. Acompanhe comigo:

Um laboratório chamado Novo Nordisk lança um remédio. Ele é aprovado apenas para controlar o diabetes tipo 2. É um medicamento biológico, criado por um processo altamente complexo e inovador. Não se anime com a palavra. Inovador, nesse caso, significa que ninguém sabe muito bem o que pode acontecer no longo prazo. O remédio, cuja substância ativa é a liraglutida, precisa ser injetado diariamente na barriga ou no braço. O tratamento custa, em média, R$ 500 por mês. Em nenhum lugar do mundo o fabricante pede autorização às agências regulatórias para vender o medicamento como emagrecedor.

Adoraria pedir. Não pede por uma simples razão: embora os estudos clínicos iniciais tenham revelado que a droga pode provocar perda de peso, eles não foram capazes (ainda) de comprovar a eficácia do remédio para esse fim. E o mais importante: não se sabem quais são os efeitos colaterais e os possíveis danos à saúde.

Se um laboratório tentar pedir tal autorização às agências regulatórias (FDA, EMEA, Anvisa ou qualquer outra) sem apresentar as comprovações necessárias, vai receber um redondo “Não”. E ainda sair do episódio com a pecha de irresponsável.

Apesar disso, médicos brasileiros começam a receitar o remédio a pacientes desesperados por emagrecer. Não o indicam apenas aos obesos mórbidos, que correm evidente risco de morte. Gente que está apenas alguns quilos acima do peso normal corre aos consultórios - principalmente depois que o medicamento é divulgado na imprensa com a promessa de emagrecimento fácil, rápido e “sem grandes efeitos colaterais”.

*Para ler todo o artigo, e vale a pena ler, é só copiar este link
http://revistaepoca.globo.com/Saude-e-bem-estar/noticia/2011/09/obesidade-e-cobaias-de-luxo.html

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